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Após arrumar a casa, ABGR quer crescer e influenciar
Artilheiro assume novo mandato de três anos à frente da associação
A Risco Seguro Brasil tem a proposta de cobrir o mercado de maneira profissional e equilibrada. Isso implica escutar os dois lados de qualquer questão.
Quando o assunto é seguros, o lado que costuma ser ignorado é o do comprador. Por isso abrimos espaço nesta semana à ABGR, associação que reúne grandes compradores de seguros para empresas no país.
O presidente Luiz Otavio Artilheiro nos conta quais são os planos para, em seu segundo mandato, seguir recuperando a imagem da ABGR e dar voz aos gerentes de riscos.
Também falamos da relação entre seguros e ESG, incluindo queixas de gerentes de riscos franceses sobre a falta de apoios das seguradoras a seus esforços nessa área, e outros assuntos.
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Boa leitura!
Nesta edição:
Após arrumar a casa, ABGR quer crescer e influenciar
Diretores da ABGR durante o congresso de outubro em SP (desde a esquerda):
Haroldo Alves Araújo, Thiago Amorim, Wilnner Eduardo Silva,
Leonardo de Castro Beto, Márcia Ribeiro e Luiz Otavio Artilheiro
Primeiro foi arrumar a casa. Agora a Associação Brasileira de Gerência de Riscos quer ampliar suas atividades para conseguir novos membros e divulgar a função do gerente de riscos entre as empresas brasileiras.
Ao mesmo tempo, a diretoria da ABGR, liderada por Luiz Otavio Artilheiro, trabalha para reconstruir a reputação da organização e mostrar ao mercado que se trata de uma firme parceira em iniciativas para fazer avançar os seguros para empresas.
Artilheiro conversou com a Risco Seguro Brasil às vésperas de assumir seu segundo mandato como presidente da ABGR. Ele foi reeleito para o posto na metade de dezembro e, após um recesso de verão, a associação retoma suas atividades com uma agenda definida.
No primeiro mandato, a missão foi melhorar a governança da associação, botar suas finanças em ordem e dar início a uma recuparação de sua imagem.
“Nossa visão é que a ABGR tem que ter uma base sólida e uma boa reputação.”
Quando assumiu a associação, logo após a pandemia de Covid-19, Artilheiro conta que encontrou uma organização com claras falhas de governança.
A diretoria da ABGR
Diretor Presidente: Luiz Otavio Artilheiro (Eletronuclear)
Diretor Vice-Presidente: Thiago Amorim (iFood)
Diretor Financeiro: Leonardo de Castro Beto (Energisa)
Diretora Secretária Geral: Vanessa Souza (Comerc Energia)
Diretor Regional São Paulo: Wilnner Eduardo Silva - (Iochpe Maxion)
Presidente do Conselho Deliberativo: Haroldo Alves Araújo (Cemig)
Vice-Presidente: Christian Negreiros Mendonça - Norsk Hydro
O que não é algo raro entre as associações sem fins lucrativos brasileiras. Mas os problemas tinham uma gravidade suficiente para focar boa parte das atuações da equipe nos três anos seguintes na sua correção.
Foi preciso reescrever o estatuto da associação e organizar seus processos internos. Os mandatos dos dirigentes e suas atribuições foram definidas mais claramente, de forma a dar mais transparência para as atividades.
Quando a gente entrou foi um sufoco. Mas agora estamos com a governança bem adiantada e regularizada.
Finanças
Outro tema que necessitou muita atenção, segundo Artilheiro, foram as finanças da ABGR.
As prestações dos associados foram regularizadas e se buscou dar uma maior visibilidade ao uso de patrocínios e outras fontes de recursos levantados pela associação.
A ABGR também teve que lidar com disputas trabalhistas com antigos funcionários, que acabaram sendo resolvidas no decorrer dos últimos três anos.
“Quem quiser pode olhar o balanço da associação e ver que a nossa saúde financeira é boa,” assegura.
Artilheiro afirma que a ABGR é agora uma entidade mais sólida, com finanças verificáveis, o que tem ajudado a melhorar sua reputação junto ao mercado.
Cinco anos atrás, era difícil conseguir que alguém se tornasse conselheiro ou diretor da ABGR. Mas agora é possível mostrar que a associação tem uma receita que paga suas despesas e um caixa provisionado para tocar qualquer projeto que a pessoal quiser levar em frente.
Quanto mais, melhor
Uma boa imagem é importante para que a ABGR atraia novos membros, uma das principais prioridades de Artilheiro no novo mandato.
Atualmente, a ABGR possui cerca de 90 associados, e o objetivo é aumentar este número de forma significativa.
“Existe muito potencial para crescer, e a gente quer ultrapassar a barreira de cem associados para alavancar o número de membros,” diz ele.
Para que mais gestores de riscos participem, é preciso deixar claro que a entidade vai cuidar dos problemas e temas de interesse para a função.
Por este motivo, a nova diretoria, assim como a anterior e o conselho deliberativo, é totalmente formada por gerentes de riscos.
Quem vê a composição da diretoria sabe que quem está lá é um grupo de pessoas sérias, que estão trabalhando nas suas empresas. Isso dá um retorno de reputação muito grande para a gente.
Educação e treinamento
Outra ideia é reproduzir em outros setores iniciativas como a formação do Comitê do Setor Elétrico, o braço mais atuante da entidade: a forte presença de gerentes de riscos de área de energia é uma das características atuais da ABGR.
“Queremos fomentar novos comitês. Queremos áreas como o setor farmacêutico, a infraestrutura, óleo e gás e mineração. Há vários setores que podem fazer um trabalho semelhante ao do setor elétrico,” disse Artilheiro.
A associação também conta com um trabalho educacional e de divulgação, como a Expo ABGR, conferência organizada a cada dois anos, e uma oferta de cursos e treinamento em parceria com organizações como a Escola Nacional de Seguros.
“Nossos eventos têm atraído de mil a 2.000 pessoas por dia. É gente de todo o mercado, das seguradoras, dos brokers e dos profissionais liberais. Mas é um número que mostra que a gente pode alavancar bastante a associação,” observa.
Para desenvolver este tipo de atividade, Artilheiro sabe a ABGR necessita ter credibilidade para conseguir o apoio de atores de mercado que são vitais para expandir a cultura do risco entre as empresas.
A ABGR precisa conversar com as seguradoras e os brokers de igual para igual e mostrar que, quando a gente toca um projeto, vai captar patrocínio e fazer um contrato bem-feito, e o patrocinador poderá ver para onde foi o dinheiro.
Parcerias
Artilheiro também observou que a ABGR está aberta a atuar em parceria com outras organizações profissionais no Brasil e no exterior e aprender com a experiência das associações de gerentes de riscos de outras partes do mundo.
A associação formalizou no ano passado sua entrada na IFRIMA, uma federação internacional de associações do setor de vários continentes.
Principais conferências internacionais
de gerência de riscos em 2024
AMRAE (França) - de 7 a 9 de fevereiro em Deauville
RIMS (EUA) - 5 a 8 de maio em San Diego
AIRMIC (Reino Unido) - 3 a 5 de junho em Edimburgo
GVNW (Alemanha) - de 4 a 6 de setembro em Munique
FERMA (Europa) - 20 a 22 de outubro em Madri
Também está em contato com a RIMS para facilitar a participação de membros da ABGR nos megaeventos organizados anualmente pela poderosa associação norte-americana. O próximo será em maio em San Diego, na Califórnia.
No Brasil, a ABGR buscará se manter em contato com outras associações e com órgãos reguladores para acrescentar seu grão de areia nos debates que podem afetar os mercados da gestão de riscos e de seguros.
Em 2023, participou de grupos de trabalho que discutiram temas como o PL 29 da nova lei do seguro e as novas regras dos seguros de transportes.
Queremos estar em contato com outras federações para debater e sugerir mudanças, para ver o que a gente pode pleitear.
Isso funcionou muito bem no ano passado. A ABGR quer participar desse debate legislativo.
Visibilidade
Em resumo, o novo mandato da diretoria da ABGR terá como um de seus principais objetivos ampliar o conhecimento sobre a gerência de riscos e o mercado de seguros no Brasil.
Mas Artilheiro alerta que cabe aos profissionais da área grande parte da responsabilidade em fazer com que esta tarefa seja bem-sucedida.
Isso se faz ganhando visibilidade no interior das companhias, educando os outros departamentos sobre a importância da gerência de riscos e participando cada vez mais das decisões estratégicas de suas empresas.
“É bem importante trazer para a gestão de riscos a cúpula das companhias. Até para que os líderes entendam a importância da nossa função,” diz.
Principalmente, é fundamental evitar que o nome da função seja associada a más notícias para todos os envolvidos.
Não dá para deixar que o gerente de riscos só seja lembrado quando há um sinistro ou um acidente.
“O gerente de riscos tem que mostrar dentro da companhia que o seu trabalho é importante. Tem que mostrar em números que é o retorno e o benefício trazido,” afirma. “Ainda existe uma dificuldade no interior das companhias, de seus líderes, em enxergar a importância do gestor de risco no negócio.”
Ademais, um velho adágio na profissão é que o risco também é uma oportunidade, e as ferramentas de transferência ajudam a aumentar a probabilidade de que esta sua segunda característica prevaleça.
“As empresas não podem enxergar o seguro simplesmente como um custo. O gestor de riscos tem que ter capacidade que é um investimento que é feito por um bom motivo, o de salvaguardar o valor da companhia,” conclui o presidente da ABGR.
Valor que foi ressaltado por eventos como a pandemia e o atual mercado duro de seguros, em que as resseguradoras aumentaram em muito sua seletividade de riscos.
Isso não vai mudar. Quem observa o mercado de perto afirma que os tempos em que havia um excesso de capital disponível e os subscritores estavam dispostos a mostrar alguma leniência com a gestão de riscos de seus clientes é coisa do passado.
O trabalho de gerente de riscos se torna então fundamental para garantir os níveis de proteção da empresa.
Com a palavra, o mercado
Ricardo Ciardella, diretor executivo de Specialty da Marsh
Como o mercado duro está impactando as empresas brasileiras?
Antes a gente tinha uma abundância de capacidade, e, quando isso acontece, pode haver 20 ou 30 players oferecendo capacidade para o mesmo risco.
Isso é uma capacidade barata. Então era normal haver em colocações de riscos mais complexos, com pouca, com pouca informação do ponto de vista protecional.
O cliente precisava de R$ 100 milhões e eu conseguia às vezes 30% ou 40% a mais do que a capacidade buscada. Então era possível escolher as capacidades mais baratas e mais interessantes para os clientes.
O que mudou?
Houve um enxugamento de capacidade do mercado internacional como um todo, e agora ela está mais cara e mais criteriosa.
Isso é algo que acaba diferenciando o bom risco do mau risco.
Por isso é preciso ter claras quais são as medidas protecionais que o cliente tem adotado. Até pouco tempo atrás, quando se faziam as inspeções em grandes clientes, de grandes riscos, muitas vezes elas geravam algumas recomendações importantes.
Mas não havia muito follow-up, não se tinha muito interesse em seguir as recomendações, mesmo porque era custoso e o mercado eventualmente não demandava uma atualização.
A gente já nota uma diligência muito maior nesse sentido.
O capital está disponível e é mais caro, mas ele só vai ser empregado para aqueles clientes que têm uma consciência de risco efetiva.
Quais são as tendências para o mercado de seguros specialty?
Em D&O, as taxas já vêm em uma tendência de queda nos últimos dois ou três anos. As capacidades haviam ficado mais caras e os preços subiram muito, mas isso já é passado. Agora há uma tendência de queda.
No caso do cyber, houve um enxugamento de capacidade, mas agora já vemos uma tendência de estabilidade. Já há até casos de queda de preços em algumas em algumas renovações.
Uma linha de specialty muito forte é a dos seguros de engenharia, e vemos que tem muita gente interessada em prover capacidade e entrar em grandes projetos, coisa que não aconteceu em 2022 ou 2023.
Muitos projetos que ficaram represados nos últimos anos devem ser retomados em 2024, e devemos ter uma abundância de capital local e internacional para a colocação de riscos de engenharia.
Agora, quando a gente fala talvez de riscos industriais, como mineração, alimentos e bebidas, óleo e gás, ou riscos operacionais, o mercado é mais restrito.
O mesmo vale para riscos em setores como saneamento, infraestrutura rodoviária, mobilidade urbana, ou geração e distribuição de energia.
Não há muitos players no mercado local, então não vemos tendência de queda de taxas.
Daí a importância do gerenciamento de riscos, de um trabalho mais estruturado para a gente dar visibilidade aos riscos dos clientes.
O mercado está ajudando as empresas a lidar com os riscos ESG?
Segundo a associação francesa de gerentes de riscos, a resposta ainda é não.
Esta é uma das bandeiras mais importantes da AMRAE neste momento.
A entidade, uma das principais da Europa, observa que, se é verdade que o mercado de seguros está cada vez mais exigente com respeito às credenciais sustentáveis das empresas, pouco está fazendo para ajudar seus clientes no processo de transição energética.
Uma pesquisa publicada em dezembro mostrou que mais da metade dos gerentes de riscos franceses estão pouco contentes ou descontentes com o apoio proporcionado pelo mercado.
Mais grave talvez, mais da metade dos entrevistados afirmou que suas seguradoras mencionam o câmbio climático na hora de exigir franquias mais avultados e preços mais altos.
Mas só um de cada três respondeu que recebe suporte de suas seguradoras para implementar medidas que mitiguem o impacto dos riscos climáticos.
“Quando queremos renovar nossos programas, os seguradores são incapazes de prover uma imagem do que será possível assegurar nos próximos cinco anos,” disse Michel Josset, um diretor da AMRAE, durante uma entrevista em Paris.
Para complicar ainda mais a situação, Josset disse que os subscritores não estão diferenciando entre as empresas que têm uma boa gestão de riscos ESG, e as que não dão bola para o tema.
Muitas empresas estão engajadas no processo de descarbonização e proteção de suas propriedades, mas o mercado de seguros não está recompensando este esforço.
Uma das situações mais graves diz respeito à utilização de novas tecnologias para reduzir a pegada de carbono das empresas, segundo Josset.
“A transformação das empresas gera novos riscos. Mas, se não há histórias de sinistros para novas tecnologias, as seguradoras acabam em uma situação difícil. Um diálogo técnico com os compradores de seguros ajudaria a solucionar este problema,” afirmou.
Por outro lado, a pesquisa da AMRAE também mostrou que poucos seguradores elegem suas seguradoras com base em nos seus compromissos ESG.
Apenas 17% dos entrevistados pela AMRAE e pela AXA Climate, sua empresa na pesquisa, disseram que levam em consideração critérios não-financeiros quando escolhem os subscritores de seus riscos.
O mercado de seguros e as Climate Techs
Seguradoras e resseguradoras gostariam de participar cada vez mais do desenvolvimento de novas tecnologias para a transição energética, mas esbarram em obstáculos como a falta de dados sobre os riscos envolvidos e incertezas a respeito da viabilidade comercial das chamadas Climate Techs.
É o que aponta um relatório da Geneva Association que avalia como o mercado segurador pode ajudar na tarefa de colocar um freio nas mudanças climáticas.
O think tank suiço, que é mantido por seguradoras e resseguradoras, afirma que o setor pode desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento de tecnologias como o hidrogênio verde as capturas e armazenamento de carbono.
A maneira de fazer isso seria participar desde as etapas iniciais do desenvolvimento dos projetos, proporcionando expertise em gestão e mitigação de riscos e, por que não, coberturas de seguros.
A organização entrevistou CEOs e diretores de subscrição de 26 seguradoras e resseguradoras globais, e o tom geral das respostas é que o setor pode e deve participar do processo, e envolver-se com novas tecnologias em seus estágios iniciais é a melhor forma de fazê-lo.
Mas o relatório também pinta um retrato realista dos obstáculos para que esta participação se traduza em uma oferta de coberturas de seguros para novas tecnologias – algo de que se queixam entidades como a AMRAE.
Fonte: The Geneva Association
Clique aqui para ler o relatório completo (em inglês).
Os riscos mais temidos pelas empresas
Segundo a Allianz, os riscos cibernéticos e os de cadeia de suprimento são os que mais preocupam os empresários em 2024 - os mesmos que no ano passado.
O ranking anual elaborador pela seguradora alemã também observa um aumento significativo da preocupação com desastres naturais, incêndios e violência política.
Por outro lado, o pessoal parece que está mais tranqüilo com relação a temas como a inflação e a falta de trabalhadores com qualificação.
Os principais riscos em 2024 (ranking em 2023)
Incidentes cibernéticos (1)
Cadeias de suprimento (2)
Catástrofes naturais (6)
Mudanças legais ou regulatórias (5)
Macroeconomia (3)
Incêndios e explosões (9)
Mudanças climáticas (7)
Riscos políticos e violência (10)
Competição e mercado (11)
Escassez de mão-de-obra qualificada (8)
Fonte: Allianz Risk Barometer 2024
No Brasil, o retrato é um pouco diferente, com as mudanças climáticas e roubos ganhando mais destaque que na média global.
Destaque também para o aumento da preocupação com as mudanças climáticas e catástrofes naturais, o que certamente reflete a série de desastres ocorridos no país nos últimos anos.
E recentes casos de empresas que ganharam destaque no noticiário pelos motivos errados - como Americanas, Light e Braskem - podem ter ajudado os riscos reputacionais a ganhar espaço na lista de riscos.
Os principais riscos em 2024 no Brasil (ranking em 2023)
Mudanças climáticas (8)
Cadeias de suprimento (1)
Incidentes cibernéticos (2)
Catástrofes naturais (6)
Roubo, fraude e extorsão (=6)
Incêndios e explosões (4)
Mudanças legais e regulatórias (=4)
Macroeconomia (2)
Danos à reputação ou imagem (novo)
Riscos políticos e violência (8)
Fonte: Allianz Risk Barometer 2024
Os resultados são baseados em entrevistas com mais de 3.000 profissionais de riscos em 92 países.
Pirataria, guerra no Oriente Médio e seguros marítimos
O ranking da Allianz mostra que os riscos de cadeia de suprimento, ou supply chain, estão entre os que mais apavoram as empresas atualmente, e uma série de eventos recentes justifica pensar que eles vão continuar causando dor-de-cabeça.
Por um lado, os ataques da guerrilha Houthi contra navios de carga no Mar Vermelho estão forçando várias empresas transportadoras a mudar a rota de seus navios, aumento os custos e atrasando a chegado de produtos aos portos.
Muitos estão tendo que contornar a África em vez de cruzar o Canal de Suez, e pesquisa da própria Allianz mostra que os preços do frete marítumo envolvendo as rotas afetadas subiu 240% desde novembro.
A Allianz afirma, porém, que a economia global ainda não foi afetada de maneira significativa pelas disrupções - com ênfase no advérbio “ainda”.
Mas o mercado já pode esperar um aumento dos preços dos seguros contra riscos de guerra como resultado da troca de agressões entre os Houthi e a coalização liderada pelos EUA que está tentando manter as rotas de navegação fluentes, alertou a Morningstar DBRS em um relatório divulgado no dia 15.
Mas nem só de conflitos armados vivem os riscos de supply chain. Outra má notícia é que os ataques de piratas também estão em uma rota ascendente.
O International Maritime Bureau calcula que houve 120 incidentes de ataques piratas no ano passado, contra 115 em 2022.
Especialmente preocupante foi o crescimento de casos em que tripulantes dos barcos atacados foram feitos como reféns, afirma a organização.
Em Destaque
Global Cybersecurity Outlook 2024
Como parte de seu pacote de relatórios preparatórios ao convescote anual de Davos, o Fórum Econômico Mundial lançou seu relatório sobre a cibersegurança em todo o mundo.
Entre os destaques, temas como a escassez de mão-de-obras qualificada para lidar com o problema, os riscos e oportunidades da inteligência artificial generativa e o aumento da ciberdesigualdade entre países ricos e pobres, empresas grandes e pequenas e por aí adiante.
Clique aqui para descarregar o relatório (em inglês).
EUA estudam pool federal contra catástrofes naturais
O deputado democrata Adam Schiff apresentou ao Congresso americano um projeto para criar um programa de resseguros bancado pelo governo federal para garantir coberturas de seguros para regiões expostas a catástrofes naturais.
Schiff, que representa a Califórnia, um estado exposto a terremotos, incêndios florestais e outros desastres, disse que objetivo é proteger os proprietários de residências dos efeitos das catástrofes.
O programa se chamaria Incorporating National Support for Unprecedented Risks and Emergencies Act, ou INSURE, em um trocadilho meio infame com a tradução ao inglês do verbo “segurar”, no sentido de cobrir com seguros.
A APCIA, associação americana das seguradoras P&C, não gostou nada da ideia, afirmando que os vários problemas que restringem a capacidade catastrófica no país não podem ser solucionados com um programa de ajuda federal.
Mas pelo menos o tema está sendo discutido com aparente seriedade pela classe política. Quando isso vai acontecer também no Brasil?
Um raro mercado brando
Os seguros D&O são uma das exceções às atuais difíceis circunstâncias de renovações de seguros.
A Aon publicou um interessante texto com conselhos para que os compradores façam o melhor proveito de uma linha em que, para variar, estão em vantagem na mesa de negociações.
Entre eles, começar as tratativas com o mercado o mais cedo possível, buscar novas fontes de capacidade e estar preparado para contar uma boa história sobre os compromissos da empresa com a agenda ESG.
Com relação à América Latina, a Aon diz esperar que mais atores entrem no mercado para prover tanto capacidade primária como de resseguros e haverá oportunidades para recuperar limites oferecidos antes da pandemia de Covid-19.
Clique aqui para ler o texto (em inglês).
Mais estimativas de perdas no Japão
Para quem já está de olho na agregação de sinistros catastróficos em 2024 e seus possíveis efeitos sobre o mercado: a Moody’s estimou as perdas seguradas causadas pelo terremoto do começo do ano no Japão devem variar entre U$ 3 bilhões e U$ 6 bilhões.
Ameaças à lucratividade das empresas
A corretora Hub International publicou um ranking sobre os riscos que mais ameaçam o balanço das empresas.
As conclusões são baseadas em entrevistas com empresas dos EUA e Canadá, mas valem como reflexão para qualquer organização.
Maiores riscos para os resultados financeiros em 2024
Disrupção das operações
Mudanças nas preferências/demanda dos clientes
Mudanças regulatórias e legais
Aumentos dos gastos
Desafios econômicos e imprevisibilidade
Aumento da competição
Danos à imagem e/ou reputação
Instabilidade geopolítica
Mudanças climáticas e eventos naturais
Riscos cibernéticos
Aumento da atividade sindical
Crise energética
Uso da inteligência artificial nas operações da empresa
Fonte: Hub International
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