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US$ 30 bi em prêmios: o potencial dos créditos de carbono para o seguro
País tem um grande potencial no mercado de créditos de carbono (Agência Brasil)
O Brasil quer se consolidar como um ator global no mercado de créditos de carbono, e esse esforço pode criar grandes oportunidades para o setor de seguros.
Ao menos é o que se pode inferir de um estudo publicado em fevereiro pela Kita, uma agência de subscrição especializada no setor, e a consultoria Oxbow Partners.
Os autores estimam que, com o aumento da demanda por créditos de carbono, e a consequente disseminação de projetos destinados à sua captura, também deve crescer bastante a demanda por coberturas de seguros que ajudem a transferir os riscos envolvidos nas transações.
Tais riscos incluem a possibilidade de que um provedor de créditos de carbono quebre, o que impediria o comprador de atingir suas metas de descarbonização, por exemplo.
Ou que um incêndio destrua um projeto de reflorestamento onde são capturados os créditos de carbono comprados por uma companhia para compensar suas emissões.
A Kia e a Oxbow Partners estimam que o mercado pode chegar a necessitar algo entre US$ 10 bilhões e US$ 30 bilhões em prêmios brutos de seguros por volta de 2050.
O crescimento exponencial dos seguros neste mercado não é uma questão de ‘se’, mas de ‘quando’ vai acontecer.
Os autores citam análises segundo as quais, no ano passado, o mercado de créditos de carbono chegou a US$ 800 bilhões, em sua vertente ligada a mitigações obrigatórias feitas por entidades reguladas.
Projeta-se que o mercado voluntário, que hoje soma US$ 2 bilhões, deve aumentar para algo entre US$ 100 bilhões e $250 bilhões em 2030, e mais de US$ 1 trilhão na metade do século.
Estudo da consultoria McKinsey publicado no ano passado estima que o Brasil tem o potencial de capturar até 15% deste mercado.
O crescimento do negócio tem como consequência lógica colocar em foco os riscos envolvidos, que podem se manifestar em várias fases do ciclo de vida de um projeto de captura de créditos de carbono.
Os principais riscos dos projetos
Não-validação dos créditos capturados
Não-entrega dos créditos vendidos
Risco de contrapartida
Volatilidade de preços
Riscos políticos (nacionalizações, expropriações de ativos)
Risco de reputação
Reversão dos créditos capturados
Catástrofes naturais (incêndios, furacões)
Outros riscos naturais (como pragas e poluição)
Fraude e negligência
Atualmente, tais riscos são tratados pelas partes nos próprios termos dos contratos, mas podem se tornar um problema no caso de riscos de alta severidade e pouca frequência, segundo o estudo.
A Kita e a Oxbow Partners notam que algumas seguradoras já estão trabalhando em coberturas inovadoras para permitir a transferência desses riscos.
Uma possiblidade, por exemplo, seria lançar apólices que garantam uma compensação financeira ou em espécie (em forma de créditos de carbono equivalentes) para o caso em que uma empresa não receba os créditos pelos quais já pagou.
Uma das principais vantagens, para os autores, é que a aceitação dos riscos por uma seguradora é equivalente a um voto de confiança à qualidade do projeto em um mercado que ainda é incipiente, o que ajudaria a atrair clientes e investidores. A falta de confiança nos projetos é considerada hoje talvez a principal barreira ao crescimento do mercado de créditos de carbono.
Mas alguns fatores podem atrasar o desenvolvimento desse setor, como os altos-e-baixos dos mercados financeiros e de créditos de carbono, mudanças geopolíticas, a escassez de dados sobre perdas sofridas pelos projetos, e a necessidade de educar o mercado sobre os benefícios que os seguros podem trazer para seus negócios.
Subscritores especializados em ESG entrevistados pelos autores também citam obstáculos como questões regulatórias para a implementação de projetos em algumas jurisdições e a falta de qualidade observada em muitos projetos.
Edições anteriores
RSB # 7 - Onde estão os seguros para a transição energética?
RSB # 2 - Mais capacidade de resseguro à vista?
RSB # 1 - Seguro cyber caro chegou para ficar
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