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Cessões de resseguros ao exterior crescem 54% em dois anos
Números refletem aumento de apetite do mercado pelo risco brasileiro
Os números consolidados da Susep confirmam algo que o mercado de seguros já vinha notando há algum tempo: o resseguro internacional está com apetite para o risco brasileiro.
Análise das estatísticas de 2023 mostram que o volume de prêmios de resseguros transferidos a resseguradoras admitidas e eventuais aumentou 16% em termos nominais no ano passado, chegando a R$12,1 bilhões de reais. Na comparação com 2021, o crescimento foi de 53,7%.
Os números são bem superiores aos da inflação: no ano passado, o IPCA fechou em 4,62%, e no acumulado dos últimos dois anos chegou a 10,67%, de acordo com o IBGE.
O forte crescimento das cessões de prêmios para fora do Brasil reflete o endurecimento do mercado interno, em grande parte motivado pelos eventos catastróficos de 2021 e 2022.
Como resultado, resseguradoras locais se mostraram mais rigorosas na aceitação de riscos, com o IRB (Re) à frente. Na semana que vem a RSB publicará uma análise do mercado de resseguros local.
Os ramos mais fortes
Fonte: Susep
Os principais contribuidores para o crescimento das cessões offshore em 2023 foram os ramos patrimoniais e financeiros, em que o volume de prêmios aumentou 34,7% e 32,3%, respectivamente.
Também se destacaram os riscos especiais, em que os prêmios cedidos praticamente triplicaram em 2023, atingindo R$ 258 milhões.
Um desempenho interessante foi o dos seguros rurais, que apresentaram um crescimento de 11,8% em 2023, apesar das sofres perdas sofridas no ano anterior.
Tal número parece indicar que o mercado internacional já se sente confortável com o endurecimento do mercado de seguros rurais. Desde 2021, o aumento de prêmios chegou a 75,7%.
Outra possível conclusão é que, chamuscadas pelas perdas sofridas, as seguradoras estão procurando reter menos riscos rurais em seus portfólios.
As empresas líderes
O principal destino de prêmios de resseguros no exterior foi a espanhola Mapfre, com uma parcela de 19,7% do mercado, seguida pelas alemãs Allianz SE e Hannover Re, ambas com 8,2%.
Fonte: Susep
Mas a Mapfre perdeu mais algo de market share, uma vez que cresceu a metade do que o total do mercado.
Entre as que mais avançaram se encontram terceira colocada Hannover Re, que fechou o ano com 27% mais prêmios brasileiros do que em 2022, e o Lloyd’s londrino, em que o aumento foi de 28%.
No caso do Lloyd’s, o número cai a 18,7% se são computados também os prêmios relativos à outra operação do grupo, a de resseguradora admitida.
Tais dados seguem constando das estatísticas da Susep, apesar de o Lloyd’s ter mudado seu status para o de resseguradora eventual em dezembro de 2021.
A Swiss Re também apresentou um forte crescimento no ano passado, quase dobrando o volume de prêmios recebidos de cedentes brasileiras.
O crescimento foi mais forte no ramo patrimonial, em que os prêmios aceitos dobraram para somar R$ 342 milhões.
Já a caribenha Arch Re se destaca entre as resseguradoras que vêm por aí.
A empresa multiplicou seus prêmios recebidos por 7,5, chegando a R$ 264 milhões de cessões brasileiras.
A resseguradora de Bermuda tem um forte foco nos seguros rurais, responsáveis por 88% do total.
Retrocessão
Os números do mercado de retrocessão reforçam a ideia de que as cessões para o exterior cresceram na medida em que o mercado local se tornou mais restritivo.
O volume de prêmios retrocedidos pelas resseguradoras locais brasileiras no exterior aumentou 4,4% em 2023, um ritmo bem mais lento do que as cessões feitas diretamente com o resseguro internacional.
Munich Re, Mapfre Re e American Home se consolidaram no topo dos destinos de contratos de retrocessão, apresentando crescimentos significativos de prêmios recebidos, especialmente no caso da terceira, em que o aumento passou de 43%.
Na direção oposta, Hannover Re e Allianz Global Corporate & Specialty, AGCS, reportaram quedas de mais de 50% nos volumes de prêmios de retrocessão firmados com resseguradoras brasileiras.
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