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Maurício Masferrer (Aon) prevê mais flexibilidade de subscrição em 2024

A estabilização do mercado de seguros para empresas que começou no exterior ainda não chegou ao Brasil, mas já se nota alguma flexibilidade por parte dos subscritories, afirma Maurício Masferrer, diretor executivo da Aon Risk Solutions.

Em entrevista à RSB, ele afirma que já está sendo possível negociar melhores condições para os programas de empresas com bons históricos de gestão de riscos, e a situação deve continuar melhorando em 2024:

RSB - A estabilidade do mercado já chegou ao Brasil?

Maurício Masferrer - Ainda não. Fora do Brasil, as renovações de janeiro foram muito mais adequadas do que em 2023. A gente viu que entrou mais capacidade no mercado e houve muito mais conversas entre clientes, compradores de seguro e os resseguradores para achar soluções. É óbvio que isso ocorreu em um platô que foi determinado em 2023.

Aqui nós temos a questão do agro, que ainda vem muito forte. Houve uma diminuição muito grande de capacidade de agro no mercado no ano passado, ainda que foi um pouco melhor do que em 2022.

Essa capacidade está voltando aos poucos, mas ainda está agravada. Vamos ver como é que vai ser na próxima safra, porque a gente não sabe qual vai ser o tamanho das perdas. As retenções subiram e a capacidade também diminuiu.

Algumas linhas de responsabilidade estão entrando em um momento mais brando, como a responsabilidade civil.

Em D&O, no ano passado, começou uma tendência de baixa e de estabilização, e a gente conseguiu fechar alguns negócios um pouco mais competitivos para os nossos clientes.

No mercado de automóvel houve algumas quebras na cadeia de produção, principalmente para  caminhões pesados e veículos elétricos, e o resultado foram custos de reparos mais altos. Então o mercado de automóvel no ano passado foi um pouco mais duro do que em anos anteriores.

Mas o que eu vejo desde 2023 é um mercado talvez não hard, mas mais seletivo. As seguradoras estão muito mais criteriosas com com a qualidade do risco.

E como está se refletindo no Brasil a tendência global do aumento das demandas de retenção de riscos?

O que acontece é que, lá fora, o mercado sofre um impacto muito grande de perdas catastróficas, e os eventos climáticos estão surpreendendo o mercado.

O que ocorre então é uma pressão maior de retenção, porque o mercado está tentando achar um ponto de equilíbrio para as linhas que são mais tradicionais.

Esse ponto de equilíbrio ainda está sendo buscado, considerando o ambiente atual de perdas climáticas e a própria questão dos riscos secundários como os incêndios florestais, as enchentes e a seca.

Se no passado esses riscos talvez já estivessem incluídos dentro do preço, agora são precificados e até colocados em forma de retenções.

Isso tem motivado as empresas brasileiras a buscar ferramentas de retenção como as cativas?

A gente tem conversado com alguns clientes sobre a constituição de cativas, mas o mercado brasileiro, por não ter um caráter tão litigioso como os Estados Unidos, ainda não está totalmente no mapa de perdas catastróficas.

A transferência de risco de um cliente brasileiro para o mercado tradicional ainda parece uma opção melhor do que ir para uma cativa.

Talvez o mercado brasileiro também não esteja ainda tão aberto para esse tipo de instrumento. Então a gente conversa com os nossos clientes, mas ainda não tem um movimento de busca efetiva pela solução.

Mas temos conversado mais do que conversávamos no passado.

Que riscos estão especialmente complicados para colocar hoje no mercado?

Há riscos mais complexos como os da indústria química. Mas a gente notou uma mudança no ano passado no sentido de que em alguns riscos complexos que não precisavam de capacidade de resseguro, e eram colocados só com uma seguradora, agora a gente está tendo que sindicalizar a colocação.

Ou seja, colocar com mais mercados, em resseguro ou cosseguro. Obviamente isso torna a colocação um pouco mais complexa e eventualmente aumenta o custo de transferência.

Mas o ponto fundamental é a qualidade da informação que o comprador está passando para o mercado.

Se você não tem informação ou não conhece seu risco, se o risco não está bem quantificado, você vai ter muita dificuldade de colocar ou não vai conseguir fazê-lo. E se o histórico de sinistro não é favorável, também vai ser mais difícil colocar o risco.

Então existe a capacidade no mercado, mas para algumas indústrias a situação é mais difícil do que para outras.

Tem havido evolução nas coberturas oferecidas aos compradores brasileiros?

O que a gente vê é um pouco mais de flexibilidade para estudar coberturas específicas para segmentos e clientes.

A gente tem conseguido montar algumas coisas interessantes para o mercado de energia elétrica, por exemplo, ou para clientes na área de mineração.

Eu vejo uma flexibilidade maior das seguradoras em elaborar produtos diferenciados para clientes específicos e indústrias específicas.

Qual é a expectativa para 2024?

Eu espero que o ano seja mais adequado do que 2023.

No ano passado houve algumas operações em fizemos muitas coisas boas, mas em outras a gente achava que poderia ter conseguido uma resposta melhor do mercado.

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