Preços de resseguros podem ter chegado ao máximo, diz Moody’s

As renovações globais de resseguro em janeiro foram descritas por atores do mercado como mais civilizadas e tranquilas que em anos anteriores.

Pois esta tranquilidade toda pode ter sido um indício de que os aumentos dos preços de resseguro tenham chegado ao seu limite, de acordo com a Moody’s Investor Services.

Em relatório divulgado esta semana, a empresa afirma que, após seguidos anos de aumentos significativos de preços, especialmente em linhas com exposição catastrófica, os resultados das resseguradoras apresentaram notável melhora em 2023.

A tendência não deve ser diferente em 2024.

Se por um lado a Moody’s afirma que os aumentos de preços podem não mais ocorrer de maneira tão acentuada, por outro, os valores se estabilizaram nos patamares mais altos em várias décadas, superando até mesmo os níveis alcançados após o furacão Katrina, em 2006.

A performance dos mercados financeiros, alavancada por taxas de juros que continuam elevadas por todo o mundo, também está colaborando para melhorar a lucratividade do setor.

Os juros altos ajudam também ao derrubar as altas taxas de inflação que ajudaram a disparar a sinistralidade nos últimos anos.

Capital novo

Por fim, os bons resultados conseguidos pelas resseguradoras durante os três últimos anos de mercado duro também estão atraindo novas fontes de capital, tornando capacidade de resseguro mais abundante.

A Moody’s comenta que esta mudança de humor já se notou nas camadas mais altas dos programas de resseguros.

As taxas dos contratos de retrocessão mostraram estabilidade em janeiro, o que tende a ajudar a moderar os preços que chegam aos cedentes.

E nos últimos meses, o mercado de capital alternativo, como os instrumentos ILS, voltou a dar sinais de vida, e as indicações preliminares são de que deve ter fechado 2023 em alta após quatro anos de estagnação.

Por outro lado...

Mas a Moody’s também ressalta que os sinais positivos dos últimos meses não significam necessariamente que a partir de agora o mercado vai avançar na direção contrária, com preços baixando a torto e a direito.

Em primeiro lugar, as perdas catastróficas continuam pressionando as resseguradoras e atingiram mais de US$ 100 bilhões no passado, apesar da ausência de grandes desastres naturais em áreas de alto valor segurado como os Estados Unidos, a Europa e o Japão.

Isso porque as chamadas catástrofes secundárias, como as tempestades convectivas, estão ganhando em intensidade e frequência e têm tudo para continuar causando fortes perdas neste ano.

Se em 2024 um forte furacão atingir os EUA, por exemplo, as perdas agregadas do mercado de resseguro podem atingir níveis recordes.

A Moody’s ressalta que um dos motivos por trás da melhoria dos resultados das resseguradoras foi uma estratégia de evitar as camadas mais baixas dos programas de riscos catastróficos, que é onde tendem a ficar a maior parte dos prejuízos causados pelas catástrofes secundárias.

Com o aumento da competição no setor, porém, os cedentes podem começar a buscar menores níveis de retenção, transferindo uma parcela maior desses riscos para o resseguro.

Por outro lado, a Moody’s observa que, apesar da queda das taxas de inflação em vários países, os custos com perdas seguradas continuam em alta.

Os chamados veredictos nucleares que atingem os seguros de responsabilidade nos EUA, por exemplo, devem continuar pressionando as perdas nesse segmento para cima.

Em geral, a Moody’s espera que a demanda por resseguro continue robusta em 2024, o que deve mitigar o impacto de fatores que poderiam causar um abrandamento mais acelerado do mercado, como o entrada de novas fontes de capital no resseguro.

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