O risco cibernético chega aos mercados de capitais

Em 2023, pela primeira vez, riscos cibernéticos foram vendidos pelo mercado de seguros aos mercados de capitais.

As seguradoras Beazley e Axis abriram o que pode vir uma importante fonte de recursos para o setor através de emissões dos primeiros títulos ILS vinculados a riscos cibernéticos.

A Beazley realizou uma série de emissões privadas vendidas diretamente a investidores especializados, a primeira das quais, em janeiro de 2023, captou $ 45 milhões para uma cobertura de $ 300 milhões para o caso de um evento sistêmico.

Já a AXIS colocou em novembro o primeiro cat bond cibernético, títulos no valor de $ 75 milhões ofertado ao público especializado através do mecanismo conhecido como 144A, nos Estados Unidos.

Em dezembro, a Beazley também vendeu cyber cat bonds 144A, no valor de $ 140 milhões.

Os cat bonds e outros instrumentos ILS já são amplamente utilizados para transferir riscos como furacões e terremotos nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.

Os ILS também são investimentos cada vez mais populares com investidores qualificados devido aos altos retornos ofertados e sua falta de correlação com os mercados de renda fixa e renda variável.

Em julho de 2023, o mercado alternativo, em que estes títulos são classificados, já representava $ 99 bilhões dos $ 705 bilhões da capacidade disponível no setor global de resseguros, segundo a Gallagher Re.

Ou seja, com o tempo, os mercados de capitais podem se tornar uma fonte importante de recursos para os seguros cibernéticos, cuja demanda só deve aumentar nos próximos anos.

Paul Schultz, o CEO da Aon Securities, que participou da emissão da Axis como agente estruturador, disse à RSB que, a princípio, os instrumentos de Cyber ILS devem levantar entre $500 milhões e $750 milhões ao ano.

Com o tempo, na medida em que os investidores se acostumem com o novo risco, o número pode ser bem maior que isso.

Vale lembrar que os veículos ILS já podem ser emitidos por cedentes brasileiros. A Susep aprovou o instrumento, denominando Investimentos Ligados aos Seguros, em 2020.

Fontes confirmaram à RSB que já há duas operações sendo analisadas no mercado brasileiro.

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