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Ricardo Ciardella (Marsh): Gestão de riscos vai diferenciar cada vez mais os compradores de seguros

O mercado pode estar ficando menos duro, mas não há sinais de que as seguradoras vão baixar a guarda no que diz respeito ao rigor na subscrição de riscos no Brasil.

É o que diz Ricardo Ciardella, diretor executivo de Specialty da Marsh, em entrevista à RSB. Na opinião dele, uma competente gestão de riscos vai cada vez mais diferenciar as empresas na hora de conseguir capacidade no mercado de seguros.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

RSB - Como o mercado duro está impactando as empresas brasileiras?

Ricardo Ciardella - Antes a gente tinha uma abundância de capacidade, e, quando isso acontece, pode haver 20 ou 30 players oferecendo capacidade para o mesmo risco.

Isso é uma capacidade barata. Então era normal haver em colocações de riscos mais complexos, com pouca, com pouca informação do ponto de vista protecional.

O cliente precisava de R$ 100 milhões e eu conseguia às vezes 30% ou 40% a mais do que a capacidade buscada. Então era possível escolher as capacidades mais baratas e mais interessantes para os clientes.

O que mudou?

Houve um enxugamento de capacidade do mercado internacional como um todo, e agora ela está mais cara e mais criteriosa.

Isso é algo que acaba diferenciando o bom risco do mau risco.

Por isso é preciso ter claras quais são as medidas protecionais que o cliente tem adotado. Até pouco tempo atrás, quando se faziam as inspeções em grandes clientes, de grandes riscos, muitas vezes elas geravam algumas recomendações importantes.

Mas não havia muito follow-up, não se tinha muito interesse em seguir as recomendações, mesmo porque era custoso e o mercado eventualmente não demandava uma atualização.

A gente já nota uma diligência muito maior nesse sentido.

O capital está disponível e é mais caro, mas ele só vai ser empregado para aqueles clientes que têm uma consciência de risco efetiva.

Quais são as tendências para o mercado de seguros specialty?

Em D&O, as taxas já vêm em uma tendência de queda nos últimos dois ou três anos. As capacidades haviam ficado mais caras e os preços subiram muito, mas isso já é passado. Agora há uma tendência de queda.

No caso do cyber, houve um enxugamento de capacidade, mas agora já vemos uma tendência de estabilidade. Já há até casos de queda de preços em algumas em algumas renovações.

Uma linha de specialty muito forte é a dos seguros de engenharia, e vemos que tem muita gente interessada em prover capacidade e entrar em grandes projetos, coisa que não aconteceu em 2022 ou 2023.

Muitos projetos que ficaram represados nos últimos anos devem ser retomados em 2024, e devemos ter uma abundância de capital local e internacional para a colocação de riscos de engenharia.

Agora, quando a gente fala talvez de riscos industriais, como mineração, alimentos e bebidas, óleo e gás, ou riscos operacionais, o mercado é mais restrito.

O mesmo vale para riscos em setores como saneamento, infraestrutura rodoviária, mobilidade urbana, ou geração e distribuição de energia.

Não há muitos players no mercado local, então não vemos tendência de queda de taxas.

Daí a importância do gerenciamento de riscos, de um trabalho mais estruturado para a gente dar visibilidade aos riscos dos clientes.

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