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Choque entre barco e ponte nos EUA deve gerar conta bilionária para as seguradoras

Navio cargueiro derrubou ponte de 2,6 km que dava acesso ao porto de Baltimore

(Foto: Reprodução)

Foi uma imagem que nenhum profissional do risco vai esquecer tão cedo: um navio de carga que perdeu o rumo e acertou em cheio um pilar de sustentação de uma enorme ponte, derrubando-a em questão de segundos.

O choque do cargueiro Dali, operado pela dinamarquesa Maersk, e a ponte Francis Scott Key em Baltimore causou a morte de seis trabalhadores que faziam pequenas obras no local. Foi uma tragédia que também terá um impacto significativo no mercado de seguros.

“O colapso da ponte Key provavelmente levará a sinistros substaciosos contra os seguradores do navio com relação ao barco e sua carga”, afirma o analista Brandan Holmes, da Moody’s. “Mas ainda mais significativos pela destruição da ponte e os distúrbios (à operação) do porto.”

Não é fácil exagerar o tamanho do evento. Baltimore abriga um dos portos mais movimentados da maior economia do mundo, e a ponte fazia parte do acesso às suas instalações.

Não só as empresas e trabalhadores que dependem do porto vão sofrer com as sequelas do acidente, mas também milhares de pessoas que atravessam a ponte todos os dias para chegar a seus lugares de trabalho, além de empresas que transportam mercadorias através dela.

E não há nada que agrade mais aos agressivos advogados americanos do que um evento que causa a potenciais clientes prejuízos que podem ser pagos pelo mercado de seguros e resseguros.

As seguradoras

De acordo com a revista Insurance Day, a seguradora primária da ponte é a Chubb, que, caso tenha que pagar os custos de reconstrução, possivelmente buscará que os responsáveis pelo acidente lhe restituam o dinheiro pago pelo sinistro.

Mas o grosso das perdas causadas deve ser absorvido pelos chamados clubes de P&I, os subscritores especializados em coberturas de seguro marítimos que proveem coberturas para portos, empresas de navegação, armadores e outros atores do setor.

A revista estima que os primeiros US$ 100 milhões devem ser abarcados por um grupo de 12 seguradores de P&I, com as parcelas superiores sendo repassadas para o mercado de resseguros.

Ainda é difícil dizer quais serão os valores finais envolvidos. A Insurance Day cita um estudo da Allianz Commercial segundo o qual houve 203 incidentes envolvendo o choque de navios de cargas com infraestruturas nos últimos dez anos.

Mas normalmente se tratam de acidentes em cais de embarcação e outros equipamentos similares – nada que se compare com a derrubada de uma ponte perto de um dos portos mais movimentados dos EUA.

A revista lembra que a batalha legal que se seguiu ao acidente com a sonda petrolífera Deepwater Horizon, em 2010, levou mais de uma década para ser resolvida.

Custos

Matilde Jakobsen, uma analista sênior agência de rating AM Best, observa que, embora ainda seja cedo para dizer quanto vai custar a reconstrução da ponte e outros sinistros relacionados ao acidente, o mais provável é que o valor chegue a alguns bilhões de dólares.

Na avaliação da DBRS Morningstar, outra agência de rating, as perdas devem ficar entre US$ 2 bilhões e US$ 4 bilhões.

Ninguém espera que a reconstrução da ponte, que tinha 2,6 km de comprimento, seja rápida ou barata. Analisas dizem que a ponte original, construída na década de 1970, custou o que seria equivalente a US$ 300 milhões em valores de hoje.

Acrescente-se a isso os custos extras de ter de reconstrui-la a todo o vapor para reduzir o impacto na economia de Baltimore, e os custos certamente serão bem maiores.

Jakobsen prevê que linhas como danos à propriedade, seguro de cargas, responsabilidade civil, seguros de crédito e CBI, ou lucro cessante sem danos físicos diretos, vão acabar sendo afetadas.

Não ajuda o fato de que a mídia americana já informava nesta quinta-feira dia 28 de março que havia sinais de vazamentos de substâncias tóxicas no rio Patapsco, o que pode gerar altos pedidos de indenização.

E ainda há as compensações financeiras às famílias dos trabalhadores mortos e outras pessoas feridas no episódio.

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