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Mercado de cyber está mais maduro, mas rigor na aceitação de riscos aumenta

Volume de prêmios no segmento cresceu dez vezes em cinco anos

Marcia Ribeiro, Francisco Paladino, Victor Perego, Helen Fernandes e Ygor Cezar (Foto: Reprodução)

A entrada de novos players reflete uma maior madurez do mercado de seguros cibernéticos no Brasil.

O outro lado da moeda é que o processo de subscrição está muito mais sofisticado do que em anos anteriores e exige um esforço cada vez maior das empresas.

O crescimento do segmento é impressionante quando visto em termos estatísticos. Em 2023, o volume de prêmios foi dez vezes maior, em termos nominais, do que em 2019.

Fonte: Susep

Por outro lado, analistas consideram que o volume de prêmios ao final de 2023, R$ 203,3 milhões, ainda é bastante pequeno, considerando o potencial do mercado.

Ao mesmo tempo, as seguradoras do setor conseguiram controlar a sinistralidade, que explodiu em 2021 como resultado da disseminação do teletrabalho devido à pandemia de Covid-19.

Com mais gente trabalhando desde casa e acessando a internet por canais menos seguros que os de suas empresas, a sinistralidade do seguro cibernético chegou a 103% naquele ano.

Em 2023, já foi inferior a 10%, devido a dois fatores principais.

Por um lado, as empresas estão mais conscientes da necessidade de gerenciar os riscos cibernéticos e fazem mais investimentos para mitigá-los.

No final de 2023 e agora em 2024 já temos visto as empresas mais preparadas e mais espaldadas também.

Helen D. Fernandes, líder de Seguros Cyber na Zurich

Clientes

Durante uma jornada de cibersegurança organizada pela corretora Horiens no final de fevereiro, Fernandes disse que a interação entre seguradoras e clientes também evoluiu bastante nos útlimos anos.

A princípio, o desafio foi criar um relacionamento com as empresas, que demonstravam resistência em abrir as informações sobre seus sistemas de segurança cibernética para os subscritores.

Além disso, Victor Perego, líder de cyber na AIG, observou no mesmo evento que, cinco anos atrás, a compra do seguro era vista com desconfiança pelos profissionais de segurança de IT, pois parecia um sinal de desconfiança quanto à qualidade de seu trabalho.

Agora, porém, já se vê com mais naturalidade a necessidade de incluir a transferência dos risco ao mercado segurador dentro das políticas de segurança cibernética das empresas.

Mais do que isso, é crescente o número de boards e também de clientes e provedores que querem saber o que a empresa está fazendo neste sentido.

A preocupação com a cibersegurança já vem do lado do cliente. Quando você mostra para o mercado que tem o seguro, além de mostrar que se preocupa com a segurança, também está mostrando que se preocupa com o cliente.

Ygor Cezar, head de TI na OEC

Ele notou que a preocupação com a cibersegurança das empresas já transparece em licitações das quais participam empresas como a OEC, e podem até contar decisivamente para o resultado.

Subscrição rigorosa

O outro fator determinante é que as seguradoras estão cada vez mais exigentes na hora de vender as coberturas e aumentaram em muito o rigor no processo de subscrição.

Cezar observou no evento que, cinco anos atrás, um formulário de subscrição de riscos cibernético era curto e direto. Agora, é várias vezes mais longo e seu preenchimento exige reuniões com vários departamentos da empresa.

Perego, por sua vez, notou que as seguradoras e corretores cada vez mais recrutando especialistas em segurança da informação para conversar com os responsáveis pela área na empresa segurada.

Dificilmente a gente vai ter toda a informação necessária só com o preenchimento do formulário.

Victor Perego, líder de Cyber na AIG

Mas Cezar disse no evento que vê o aumento do rigor de subscrição como algo positivo.

Segundo ele, as seguradoras estão mais especializadas no tema, mas também mais colaborativas.

Algumas até estão dispostas a discutir as respostas dos formulários e entender os motivos por trás delas, afirmou Cezar.

De qualquer maneira, um mercado mais maduro em que os compradores de seguros mostram maior qualidade na gestão do risco cibernético está trazendo novos players ao segmento e benefícios para os compradores.

Hoje eu já vejo mais competitividade no mercado, os níveis de franquia estão caindo e as coberturas estão ficando mais amplas.

Francisco Paladino, gerente de Riscos e Seguros na Horiens

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