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ASAS busca crescer no garantia com produtos para clientes de médio porte

MGA vê mercado desatendido por grandes players e investe em tecnologia para simplificar processo de subscrição

Marcelo Assumpção, CEO da ASAS (Foto: Divulgação)

O mercado de seguros espera com água na boca a volta dos grandes investimentos em infraestrutura no Brasil, já que eles devem gerar grande demanda por seguro garantia.

A MGA ASAS não é uma exceção. Mas a empresa está focada não nos prêmios que serão gerados diretamente por investimentos como os previstos pelo Novo PAC do governo federal, e sim em negócios ligados de maneira quase que indireta a eles.

Há uma lacuna no mercado de garantias hoje no Brasil. Trata-se da provisão de seguro garantia para negócios de médio porte.

Marcelino Risden, CEO da ASAS Garantias

O objetivo da ASAS Garantias, braço especializado da empresa, é crescer no mercado das chamadas garantias tradicionais, como as de bids, de performance e de fornecimento, que devem ganhar impulso com o Novo PAC e outros investimentos em infraestrutura.

O mercado de seguro garantia também inclui as garantias judiciais, fartamente usadas por empresas que recorrem de condenações em processos judiciais. Entre as garantias judiciais, a ASAS atua apenas com as que estão ligadas a litígios trabalhistas.

A empresa crê que o foco nas garantias tradicionais é algo que a diferencia no mercado. Segundo Risden, cerca de 80% dos prêmios do segmento de garantia ainda se concentram no ramo judicial.

Clientes fora do radar

Mas Risden diz que a empresa identificou oportunidades em grupos de clientes em que outros subscritores não estão focados no momento.

Para ele, os grandes players do segmento estão especializados em projetos exigem garantias para cobrir obras de infraestrutura de grande valor.

“Nesse setor, a empresa emite meia dúzia de apólices por mês e gera um caminhão de prêmios,” diz Risden.

No outro lado da moeda aparecem as empresas que precisam de coberturas para negócios de menor tamanho e acabam sendo desatendidas pelas seguradoras, na opinião do executivo. Até porque houve um enxugamento da oferta devido à falta de investimentos em infraestrutura nos últimos anos.

“Hoje nós temos 37 seguradoras no mercado. Pouco tempo atrás, eram 56”, diz Risden. “Nós enxergamos um espaço que justificava o investimento para criar uma empresa para atuar nesse segmento. O que não quer dizer que não vamos atender grandes clientes, até porque eles também têm negócios de médio porte.”

Um certo despreparo

A empresa também acredita que muitas das seguradoras que trabalham com seguro garantia hoje estão pouco preparadas para atender esse grupo de clientes.

Nos últimos anos, o tomou gosto pelo seguro garantia judicial, e isso mudou as características das seguradoras. Mudaram os seus contratos de seguro, os seus departamentos comerciais, seus diretores técnicos e operacionais. A ASAS Garantias nasceu justamente como uma opção para essa retomada do garantia de performance no Brasil.

Marcelo Assumpção, CEO da ASAS

Com base nessa estratégia, a ASAS pode participar do fornecimento de garantia ligada a grandes, mas de uma maneira, por assim dizer, indireta. O alvo são os contratos de fornecimento de materiais para os concessionários ou construtores, que exigirão suas próprias coberturas.

Para atender essa clientela de médio porte, a ASAS investiu em tecnologia, desenvolvendo um sistema in house para automatizar o máximo possível a contratação do seguro através de sua rede de corretores.

A análise de risco e feita considerando padrões pré-estabelecidos e só o que escapa a esses limites exige o envolvimento de uma equipe especializada para completar o processo.

“Hoje já produzimos um prêmio considerável ligado ao pequeno e médio negócio”, diz Assumpção. “Contratamos o seguro a uma velocidade que o mercado brasileiro não oferece.”

Marcelino Risden, CEO da ASAS Garantias (Foto: Divulgação)

Quem é a ASAS

A ASAS se descreve como a primeira, e também maior, MGA do Brasil. A empresa foi fundada por Assumpção em 2015. Antes de montar a companhia, ele foi diretor de Riscos Especiais da Excelsior.

Para tocar a operação de seguro garantia, Risden foi contratado em 2021. Anteriormente, ele havia sido CEO e conselheiro da Berkley no Brasil e possui uma longa experiência no segmento de seguro garantia.

Além do seguro garantia, a empresa oferece coberturas em linhas como aviação, responsabilidade civil e riscos patrimoniais tradicionais, especiais e complexos.

Também trabalha com a intermediação de resseguro facultativo em linhas financeiras, patrimoniais e de responsabilidades, além de resseguros para empresas do setor aeronáutico. A empresa trabalha com clientes tanto no Brasil como em outros mercados latino-americanos.

A ASAS conta com uma equipe de 60 pessoas, um quarto das quais trabalha com o seguro garantia. O volume de prêmios contratados através da empresa chegou a cerca de R$ 300 milhões em 2023, diz o vice-presidente de Resseguros LATAM Guillermo Delfino.

Capacidade

A ASAS aloca capacidade fornecida por subscritores baseados em Miami, em Londres e outros centros internacionais, mas também de players locais.

No caso do seguro garantia, quem provê a capacidade é a brasileira allseg, antiga American Life.

Delfino observa que o modelo de negócios de uma MGA como a ASAS, que foi recentemente regularizado no Brasil, permite a grandes seguradoras acessar nichos de mercado em que, de outra maneira, não teriam interesse em investir na infraestrutura necessária para ingressar.

Foi o que ocorreu com a parceria com a allseg, que não possuía uma presença do mercado de seguro garantia até começar a trabalhar com a MGA baseada em São Paulo.

A allseg não tinha expertise em garantia ou um time dedicado ao segmento. Nós dissemos então que faríamos todo o trabalho, e eles emitiriam a apólice com o seu nome. Nós cuidamos da subscrição, da negociação com o cliente e até da regulação do sinistro.

Guillermo Delfino

Ao final de 2023, a allseg aparecia como a 13ª maior empresa do ramo de seguro garantia do Brasil, de acordo com dados da Susep, com um R$119 milhões em prêmios e uma parcela de 2,76% do mercado.

No ano anterior, a empresa reportou prêmios de R$33 milhões e um market share inferior a 1%.

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