Aon vê mercado mais brando no mundo e no Brasil

Subscritores continuam cautelosos, mas riscos de boa qualidade estão obtendo condições favoráveis

Fonte: Aon

O abrandamento do mercado de seguros global está chegando também aos ramos de danos à propriedade, onde já se viram baixas de preços para alguns tipos de riscos no primeiro trimestre do ano.

É o que afirma o informe trimestral publicado pela corretora Aon no começo de maio, no qual se nota uma tendência de que o mercado de seguros se torne cada vez mais favorável aos compradores.

Quer dizer, ao menos para os compradores que fizeram o dever de casa durante o mercado duro e investiram na melhoria de seus processos de gerência de riscos.

A Aon afirma que, refletindo as melhoras das condições já observadas nas renovações de janeiro, contratos fechados em abril já refletem uma maior disposição dos subscritores a batalhar por riscos de boa qualidade e reconhecer os esforços de prevenção feitos pelos compradores corporativos.

O informe também observa que a utilização de instrumentos alternativos de transferência de riscos, como as empresas cativas e os seguros paramétricos, estão deixando de ser uma opção à falta pontual de capacidade para alguns tipos de riscos e tornando-se uma ferramenta a mais para a gestão financeira das empresas.

América Latina

O abrandamento é geral em todo o mundo, caracterizando-se por estabilidade de preços, limites e franquias, além de amplas capacidades à disposição dos compradores de seguros.

Isso graças a uma melhoria generalizada na lucratividade de seguradoras e resseguradoras, o que possibilitou o aumento dos volumes de capital disponíveis para a subscrição de riscos.

Fonte: Aon

Mas outra característica do mercado é a prudência na seleção de riscos. Em outras palavras, o aumento da competitividade não está, pelo menos até o momento, convencendo os subscritores que está na hora de baixar um pouco a guarda a fim de crescer a qualquer preço.

De todas as regiões analisadas, a América Latina foi uma das que apresentaram as maiores variações de preços, segundo a Aon, entre 1% e -10%.

Apenas a região EMEA (Europa e Oriente Médio) teve um desempenho semelhante. Na América do Norte, Ásia e Oceania, os preços se mantiveram estáveis.

Os ramos de automóveis e danos à propriedade são os que mais afligem os compradores da região, enquanto cyber e D&O estão mais adiantados no processo de abrandamento.

Brasil

O informe da Aon coloca o Brasil como o país como o mercado mais brando da América Latina, com preços e franquias estáveis, limites mais elevados e capacidade abundante.

O setor mais desafiador para os compradores locais é o de seguros de danos à propriedade, mas a corretora vê um mercado já brando em segmentos como D&O e risco cibernético.

Ainda assim, o mercado se mostra conservador e prudente na subscrição de riscos, em parte porque as seguradoras tiveram que reter maior parte dos riscos em seu balanço devido ao aperto promovido pelo resseguro nos últimos anos.

Quem tem um programa de gerência de riscos digno do nome e um bom histórico de sinistros, porém, conseguiu condições vantajosas na colocação de seus programes no primeiro trimestre.

Mas também há compradores que encontraram maior dificuldade. Por exemplo, para adquirir seguro de crédito ou coberturas de seguro garantia para clientes em situação financeira delicada – um problema crescente com o aumento das falências observado no país nos últimos meses.

O setor de armazéns continua enfrentando uma falta de apetite do mercado segurador, e propriedades com altas exposições de risco também seguem difíceis de segurar.

É de esperar que o mercado continue restringindo o apetite a riscos com exposições catastróficas no Brasil devido às fortes chuvas que causaram uma calamidade pública no Rio Grande do Sul nas últimas semanas.

O mesmo deve ocorrer com os seguros agrícolas, um ramo que, segundo a Aon, já estava sob pressão no primeiro trimestre.

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