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Resseguro melhora, mas falta de novos players impede mercado brando
AM Best eleva expectativa do setor de "estável" para "positivo"
A agência de rating AM Best melhorou sua avaliação para o mercado global de resseguros após observar uma notável melhoria nos resultados técnicos do setor.
Mas cedentes não devem ter demasiadas esperanças de que o desempenho positivo das resseguradoras nos últimos meses vai dar lugar a um mercado brando no futuro próximo.
De acordo com a agência, as resseguradoras globais conseguiram melhorar seus resultados graças a uma forte disciplina de subscrição, os aumentos de preços implementados nos últimos anos, e os níveis mais elevados de retenção de riscos exigidos das entidades cedentes.
Para a empresa, o endurecimento dos termos e condições dos contratos de resseguro contribuíram em muito para que o desempenho do setor melhorasse neste ano.
Dessa maneira, a AM Best decidiu passar o panorama de longo prazo para o mercado de resseguros de “estável” para “positivo”.
Sem disrupção
No entanto, o relatório divulgado pela AM Best nesta semana afirma que falta um elemento básico para que o mercado se abrande: novos atores que deem uma sacudida no setor.
O capital disponível para a indústria resseguradora é abundante, afirma a AM Best, mas os investidores não estão dispostos a apoiar companhias que entram no mercado com novos planos e uma subscrição de riscos mais agressiva.
Equipes de gestores com boa reputação têm sido incapazes de levantar capital para criar start-ups que teríamos visto em outros ciclos de mercado duro. Esta falta de disrupção por parte de novos entrantes permite a manutenção da disciplina por parte de players mais experientes que ainda estão se recuperando de perdas sofridas em anos anteriores.
Pelo contrário, o que a agência espera é que o mercado se concentre em processos de consolidação e na busca por riscos de alta qualidade.
“Cedentes e resseguradoras realinharam seus papéis (no mercado), e o resseguro voltou ao seu papel histórico de provedor de proteção para os balanços, ao invés de uma ferramenta para estabilizar os resultados (das cedentes)”, afirma a AM Best no relatório.
Além disso, os instrumentos de transferências de riscos aos mercados de capitais, ou ILS, também agora são vistos pelo mercado mais como ferramentas estratégicas para dispersar riscos catastróficos do que como uma competição para as resseguradoras tradicionais.
Segundo a AM Best, isso acontece porque os ILS, que também voltam a atrair mais capital, estão mais voltados aos patamares superiores dos programas e aos mercados de retrocessão.
ROE, juros e furacões
A AM Best observa que várias resseguradoras apresentaram resultados espetaculares em 2023, em muitos casos obtendo rentabilidade (ROE) superior a 20%.
Isso porque, além de apertar os termos e condições, o mercado tem mostrado pouco apetite por oferecer coberturas de proteção agregada de riscos e focado na cobertura de riscos definidos de forma específica.
Além disso, tem havido uma mudança desde coberturas proporcionais para coberturas de excedentes, e as coberturas de resseguros estão começando em pontos cada vez mais altos dos programas de seguro.
Com tantos cuidados, não é de estranhar que os níveis combinados tenham caído para baixo de 90%, garantindo resultados técnicos positivos para os subscritores.
Some-se a isso o impacto positivo dos prologados juros altos sobre os portfólios de investimento, e não há dúvida de que hoje é um bom momento para ser ressegurador.
Resta saber se esse cenário positivo vai sofrer alguma alteração nos próximos meses, quando a temporada de furacões no Atlântico Norte promete ser bastante complicada.
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