Resseguro vive moderação, mas temporada de furacões ameaça

Para MS Amlin, perdas nat cat no 2º semestre podem ficar entre as mais altas já vistas

A moderação do mercado de resseguros continuou no primeiro semestre do ano, mas o setor pode ser colocado à prova no que promete ser uma tórrida temporada de tempestades e furacões na América do Norte, América Central e Caribe.

Segundo a corretora Howden Re, os preços das coberturas de resseguro de danos à propriedade com exposição catastrófica caíram 5% nas renovações de junho, uma vez ajustados os valores ao risco coberto.

A moderação de preços é acompanhada por um aumento do volume de capital disponível para o mercado resseguros, que, de acordo com a corretora, voltou aos patamares de 2021, ou seja, antes do profundo aperto ocorrido nos últimos dois anos.

Para completar, o mercado de instrumentos ILS, que transferem riscos catastróficos aos mercados de capitais, anda especialmente aquecido, com US$ 3 bilhões em emissões títulos vinculados ao mercado catastrófico da Flórida no primeiro semestre.

Mas a situação pode mudar a qualquer momento, alertou a corretora.

O mercado de resseguros se encontra em um momento crítico. Enquanto a recuperação dos níveis de capital e o aumento da capacidade disponível sinalizam um potencial abrandamento das tarifas, um temporada de furacões que se prevê ativa e outras pressões do mercado podem fazer um contraponto a essas tendências.

David Flandro, diretor da Howden Re

La Niña e mar mais quente

O tom de precaução se deve a previsões como a de um relatório publicado há poucos dias pela MS Amlin, uma seguradora que faz parte do Lloyd’s londrino.

A MS Amlin prevê que a temporada de furacões no Oceano Atlântico, especialmente na região do Golfo do México, pode ser uma das mais fortes de que se têm notícia.

Analisando as previsões feitas por 20 serviços de meteorologia, a seguradora estima que haverá nada menos que 23 tempestades de alta intensidade, 11 furacões e cinco furacões de grande dimensões no período entre junho e novembro deste ano.

O índice ACE, que calcula a atividade dos furacões durante os períodos mais ativos, pode chegar a 204, comparado com uma média histórica de 123.

A culpa, segundo a MS Amlin, em parte pode ser atribuída ao fenômeno La Niña no Oceano Pacífico e a uma temperatura anormalmente elevada da superfície do mar no Atlântico Norte e no Golfo do México.

Más lembranças

A empresa nota que são condições que lembram as temporadas de furacões de 1998, 2005 e 2010, que incluíram os furacões Georges, Mitch e Katrina.

São nomes que ainda hoje causam arrepios aos subscritores de resseguradoras globais. E mais preocupante, talvez, seja o fato de que não há sinais de que, se confirmada, a forte temporada de furacões seja uma exceção à regra nos próximos anos.

Espera-se um aumento da frequência das tempestades de maior força, com categoria 4 para cima.

Ed Pope, geocientista da MS Amlin

Ele completou: “Isso deve levar a uma maior acumulação de perdas para os resseguradores, e a que as comunidades redobrem seus esforços para implementar medidas de adaptação aos riscos climáticos.”

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