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Newe busca diversificação com garantia para PMEs
Empresa aposta em novos ramos para minimizar volatilidade do seguro rural
Átila Santos, diretor geral de Seguros da Newe (Foto: Divulgação)
A Newe está apostando no seguro garantia para voltar a crescer, com um foco nos clientes de menor porte do que os clientes mais tradicionais do setor.
A empesa também está adotando uma estratégia similar para os seguros cibernéticos, um novo ramo que ainda pode gerar muito volume de prêmios no Brasil.
O desafio, como para suas rivais no setor de seguros para empresas, é convencer muitas companhias que estão fora do mercado a investir mais em proteção de seguros.
Em 2023, os prêmios de seguro garantia da Newe cresceram quase 19%, e no primeiro trimestre deste ano o aumento já chega a 10%.
O contraste com o desempenho global da empresa foi marcante, já que os prêmios baixaram 58%, em termos reais, no ano, segundo dados da Susep. A baixa foi influenciada pelo seguro rural, principal ramo de negócios da companhia, que apresentou queda 66,5% dos prêmios no ano passado.
Estamos investindo na diversificação da nossa carteira em função da volatilidade do agro.
O seguro garantia aparece como uma opção graças à expectativa de que investimentos em infraestrutura vão se materializar nos próximos meses e que a demanda por coberturas de garantia judicial continuará forte.
“Dentro desse cenário, a Newe tem como tendência operar com os tomadores pequeno e médio porte”, afirma o executivo.
Pulverização
Santos define a proposta da empresa como uma busca da pulverização do mercado de seguro garantia através da venda de coberturas para empresas com faturamento a partir de R$ 5 milhões.
“São empresas que não um grande volume de ações judiciais, mas que vão consumir uma média de R$ 300 mil ou R$ 400 mil ao ano de limites de seguro garantia,” afirma ele. “Pode ser para uma ação judicial trabalhista de pequeno porte, ou um performance bond não muito alto.”
O executivo crê ainda que muitas oportunidades para uma empresa como a Newe serão criadas pelas subcontratações em série geradas a partir das grandes obras de infraestrutura.
Nesse contexto, Santos vê com otimismo o lançamento, no começo de abril, do primeiro edital de licitação com as novas regras para o seguro garantia implementadas pela Lei de Licitações.
O edital para a pavimentação de 50 km da rodovia MT-430 prevê novidades como a inclusão de uma cláusula de step in, ou seja, que permite à seguradora completar a obra, caso a empresa que venceu a concorrência, e comprou a cobertura de seguro garantia, não for capaz de fazê-lo.
“O governo do Mato Grosso buscou enquadrar a realidade do Estado para uma obra com a cláusula de retomada,” diz Santos.
Experiência
A adaptação foi feita por meio da aprovação pelo Legislativo Estadual de uma lei que permite a ação do step in para obras cujo valor passa de R$ 50 milhões, o que é quatro vezes inferior ao que é definido pela Lei das Licitações.
Para Santos, trata-se de uma experiência que está ajudando a limar as incertezas que ainda persistem sobre as novas regras do seguro garantia para obras.
“O mercado está tentando limitar as responsabilidades assumidas pelas seguradoras, porque os governos querem que elas assumam integralmente o risco, inclusive o de fiscalização”, afirma ele.
“Se for esse o caso, o segurado pode abandonar a responsabilidade de fazer a gestão da obra, de acompanhar e de fazer as medições. Estamos tentando encontrar um meio caminho.”
Ele observa porém que a Newe também está aberta a fornecer capacidade para contratos de seguro garantia de maior porte liderados por outros players do mercado.
Seguro cyber
Os clientes de menor porte também são o alvo da estratégia da Newe para os seguros cibernéticos, um ramo que ainda está dando seus primeiros passos no mercado brasileiro.
Para atingir esse público, a empresa está buscando parcerias para oferecer a cobertura em conjunto com outros serviços e produtos que as pequenas e médias empresas necessitam para melhorar sua segurança digital.
“Se o cliente vai contratar, por exemplo, uma plataforma para receber os dados do cliente, o provedor pode oferecer também um antivírus e uma apólice de risco cibernético”, afirma ele.
“Dessa maneira, se sistema falhar, porque isso pode acontecer, eventualmente empresa estará protegida pelo seguro e isso vai permitir ela mantenha sua atividade graças a uma cobertura como a de lucros cessantes.”
A ideia é entender as reais necessidades das pequenas empresas e adaptar um produto que foi historicamente desenvolvido com clientes muito maiores em mente.
Há uma tendência muito grande entre algumas seguradoras de que o seguro não precisa ser a peça principal numa relação contratual, ele pode ser um acessório.
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